O cenário incerto de um momento de crise causa paralisação e, por vezes, desalento. Contudo, é justamente na crise que surgem oportunidades e novas formas de lidar com situações que antes pareciam comuns. Neste contexto, a liderança situacional tem despertado o interesse dos líderes nos últimos tempos.
Entender que a vida é feita de ciclos e que estamos expostos às intempéries das suas oscilações, nos motiva a manter uma abertura genuína para as mudança que venham a se apresentar ao longo do caminho.
Afinal, quem podia esperar que uma pandemia iria assolar o mundo, como aconteceu em 2020?
Muitos profissionais, líderes e empresas tiveram que se reinventar encontrando novas formas de manter suas equipes motivadas e livres do caos interno que uma crise sanitária (e econômica) pode causar nas pessoas.
Neste quadro, surge o líder situacional. Ou seja, um método de liderança que se adapta ao momento fortalecendo a ligação que existe entre líder e liderado.
Desta forma, para conhecer um pouco mais sobre liderança situacional, como aplicá-la na empresa e quais são as habilidade desse líder, continua comigo até o final da leitura.
O que é liderança situacional?
Em 1969, Paul Hersey e Ken Blanchard desenvolveram a teoria da Liderança Situacional, que basicamente remete ao líder que consegue moldar seu comportamento e estilo de liderança a situação do momento e as condições dos seus liderados.
Parece extremamente pertinente para o momento que estamos vivendo, não é mesmo?
Os autores dissertam, belissimamente, que não existe uma liderança melhor do que a outra, mas uma liderança que melhor atende o momento presente. E ter essa clareza sobre a questão faz com que os líderes consigam observar seus modelos de gestão, de forma clara e objetiva, melhorando-os e os adaptando em cada situação.
O líder situacional segue em um estado constante de avaliação sobre a maturidade dos liderados, assim como a execução de tarefas e suas competências.
Com o entendimento desses 3 pilares, o líder passa a ter condições de ajustar demandas para aumentar a produtividade da equipe, desenvolver os colaboradores mais engajados, reconhecer a capacidade do time, exigir um desempenho maior ou afrouxar a demanda de acordo com o momento vivido.
Leia mais: Se adaptar às mudanças gera desconforto? Mas o que é conforto?
Como aplicá-la no dia a dia da empresa?
O líder é uma figura reconhecida pelo seu alto grau de inspiração e exemplo. Na liderança situacional essa condição não é diferente e, por sinal, fica ainda mais forte.
Uma das premissas da liderança situacional é reconhecer que existem diversas formas de resolver um determinado problema e que cabe ao líder identificar tais formas, orientando a equipe. Esse processo acontece por meio de um reconhecimento claro e estrutural sobre os liderados.
Sendo assim, o líder situacional precisa ajustar seu estilo de liderança a fim de atender as necessidades da equipe, reconhecendo as individualidades do seu time e desenvolvendo as pessoas de forma que elas consigam alcançar altos níveis de desempenho e autoconhecimento.
Para aplicar a liderança situacional dentro da empresa é preciso que exista um interesse genuíno no desenvolvimento das suas próprias habilidades enquanto líder. Para então, vivenciá-las junto aos liderados.
Estilos de liderança situacional
Vale destacar que os autores da teoria da Liderança Situacional elencaram 4 formas de fazê-la de acordo com a maturidade do time. Observe:
Estilo 1 – Direção: neste caso existe uma proximidade maior entre líder e liderado. Ao delegar a tarefa, o líder precisa explicar com detalhes e acompanhar a execução, ou seja, mostrando a direção.
Estilo 2 – Orientação: aqui existe um envolvimento maior da equipe nos processos de execução. Por meio de feedbacks e orientações constantes, líder e liderados chegam no objetivo desejado, seja ele um projeto ou uma entrega importante.
Estilo 3 – Apoio: o papel do líder, neste caso, passa a ser de apoiador, sendo que a equipe está pronta para analisar o processo de execução e melhorá-lo ao longo do caminho a fim de fazer a melhor entrega possível. Sempre disponível, o líder segue dando o apoio necessário.
Estilo 4 – Autonomia: em um estágio avançado de responsabilidade, comprometimento e foco no resultado, o time tem autonomia total para executar as tarefas e avaliar os processos. O líder, neste cenário, passa a ser um expectador/mentor.
Habilidades do líder situacional
Se você chegou até esse ponto da leitura, pôde perceber que a liderança situacional requer líderes dispostos a desenvolver novas habilidades, assim como, estar aberto a rever seu processo de gestão em prol do sucesso do grande grupo.
À vista disso, separei 3 habilidades que acredito serem importantes para o líder situacional:
Adaptação: o mundo muda o tempo todo e, com o surgimento da crise do Covid-19, isso não foi diferente. A capacidade de adaptação permite que o líder possa responder de forma positiva à todas as oscilações do mercado, sem sofrer com isso. E pelo contrário, enxergando nas mudanças as soluções para os problemas e estratégias que podem tornar o time ainda mais eficiente.
Delegação: delegar é um processo importante e, como todo processo, exige atenção e estruturação. Delegar significa demandar uma tarefa de forma clara, objetiva e estruturada. O líder precisa partir do pressuposto de que a pessoa não sabe o que fazer e, mesmo que o colaborador tenha que pesquisar sozinho e encontrar a solução, isso deve estar muito claro no processo de delegação.
Iniciativa (e “acabativa”): estar disposto a apoiar, orientar e supervisionar são imprescindíveis. Diferentes tipos de pessoas requerem diferentes tipos de iniciativas. Ao acompanhar os liderados, o líder não pode perder o foco no objetivo da tarefa ou do projeto de forma que se alcance o resultado com sucesso (ou seja, ter “acabativa”).
Uma crise, muitas oportunidades
Quando paro para observar os estragos que a crise do Covid-19 causou nas empresas nos últimos meses, percebo também, o quanto de oportunidades que ela despertou.
Novas formas de fazer a mesma coisa com menor custo, desenvolvimento de habilidades que antes nem se cogitava, estreitamento na relação entre líderes e liderados, interesses para novos aprendizados e autodesenvolvimento são apenas alguns exemplos do que uma crise é capaz de incentivar e melhorar dentro das pessoas e das empresas.
E, por este motivo, a liderança situacional despertou interesse nos últimos tempos. Processos, pessoas e prioridades mudaram, ou seja, exige-se líderes que acompanhem essas mudanças abraçando-as com dedicação e interesse.
Existe oportunidade até mesmo na crise, principalmente para aqueles líderes que estão conectados com as pessoas e dispostos a olhar os desafios como motivadores de sucesso, partindo para a ação.
Que sejamos esse tipo de líder!
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Antes de ir embora, comenta aqui embaixo quais têm sido os desafios da liderança neste momento de crise.